tag:blogger.com,1999:blog-24208348433821646672024-03-12T20:28:25.912-07:00Brincando com as palavrasJúlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.comBlogger66125tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-29047649745597765832012-04-24T19:47:00.000-07:002012-04-24T19:48:28.694-07:00O prédio<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-xe0hq-CZ6jM/T5dlaS1sH4I/AAAAAAAAAhA/TDjXBj3Yq-s/s1600/24bfb7dc8cf62944d4e4a48bb10bc202aea4703b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="272" src="http://4.bp.blogspot.com/-xe0hq-CZ6jM/T5dlaS1sH4I/AAAAAAAAAhA/TDjXBj3Yq-s/s400/24bfb7dc8cf62944d4e4a48bb10bc202aea4703b.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Parece rachada, porta esfolada,</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Palavras em vermelho rabiscadas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Reina a penumbra, frio de tumba,</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Mas não temas que esta estrutura sucumba.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Esta é tua terra, esta é tua sina,</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
O bloco de concreto onde tu habitas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
É frio, e por garras marcado,</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Repousa aqui teu sonho inacabado.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Se deseja luz, trate de sumir,</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Se quer mais tempo, não há mais como fugir.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Abandone a esperança de um olhar casto,</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Agora tu és teu próprio carrasco.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Cruze os braços, controle a euforia.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
O velho esfarrapado será tua companhia.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Tu, resto de pó, espelho trincado de agonia,</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Bem vindo à tua nova e eterna moradia. </div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-52434347916781938212012-04-04T10:20:00.003-07:002012-04-04T10:35:53.881-07:00O ouro agrada aos corvos<a href="http://2.bp.blogspot.com/-5IApIl0ah0M/T3yD4-bkf5I/AAAAAAAAAg4/ShnRaHFUy9g/s1600/The_Crow_and_The_Skull_by_ATurner_Design.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 311px;" src="http://2.bp.blogspot.com/-5IApIl0ah0M/T3yD4-bkf5I/AAAAAAAAAg4/ShnRaHFUy9g/s400/The_Crow_and_The_Skull_by_ATurner_Design.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5727597840962977682" /></a><br /><br /><br /><div align="justify">A luz alaranjada do entardecer tingia os tons de cobre da floresta. Ainda a pouco chovera, uma garoa fina e gelada, e as folhas estavam cobertas por gotículas brilhantes. O ar cheirava a orvalho, terra e decomposição. <br /><br />Seus passos amassavam as folhas que se entregavam ao outono, produzindo um leve ressoar. Uma moeda de ouro girava em seus dedos, passando do indicador para o médio, de volta ao polegar, e às vezes jogada para cima para logo depois ser recuperada pela mão longa. Ele nunca a deixava cair.<br /><br />O vento balançou seus longos cachos castanhos, e um arrepio percorreu-lhe a nuca. Percebeu que havia algo errado, e levou automaticamente a mão à adaga presa à cintura. Era uma arma extraordinária; cabo de madeira com entalhes tribais, lâmina fina e esguia, prateada, afiada e letal em ambos os lados. Sempre o protegera quando fora necessário. <br /><br />Mas os únicos movimentos em toda a mata eram as folhas balançando. Incomodado, correu os olhos em todas as direções, procurando o motivo daquele mau pressentimento. Enquanto examinava suas costas, um rufar de asas cortou os outros sons.<br /><br />Deparou-se com uma coruja o observando, empoleirada num dos galhos retorcidos de uma árvore que já não tinha mais folhas. O animal o examinava com inteligentes olhos amarelos. Ele relaxou um pouco; pelo menos uma ave era uma ameaça menor do que um homem armado. <br /><br />Mas a floresta costumava pregar peças. <br /><br />― Roubou essa moeda, cavaleiro? ― Perguntou a ave. <br /><br />O homem recuou alguns passos, atônito, fitando a coruja. <br /><br />― Alucino ou algum elfo está brincando comigo? Achava que eles não viviam por aqui.<br /><br />― Não há elfos aqui ― Disse-lhe a coruja ― Apenas eu, você, as árvores, e os corvos. Roubou essa moeda?<br /><br />Realmente, a moeda fora roubada, mas quando ele ainda não passava de um garoto. Era bonita, maior do que moedas comuns, com dragão esculpido de um lado, e um corvo do outro. Ambos tinham pequenos olhos de pedra verde. Arrancara ela de um corpo já frio, com uma flecha enfiada nas costelas. Não conseguia se lembrar do rosto do morto. A moeda era seu amuleto de sorte desde então.<br /><br />― Roubou de um morto, mas ninguém julgou seu crime. Porém, os corvos gostam de ouro.― Os olhos da coruja pareciam enxergar além de seu corpo. ― Os corvos vingam os que já se foram.<br /><br />Ele sacou a adaga e deu um passo a frente. O animal alertou-lhe:<br /><br />― Volte agora, enterre-a, e jamais torne a roubar um morto. Siga em frente e afronte as asas negras.<br /><br />O dia se esvanecia, e o laranja começava a dar lugar a sombras. A coruja soltou um grito estridente e desapareceu num agitar de asas quando o homem continuou a avançar. Centenas de aves negras levantaram voo e crocitaram numa sinfonia agourenta. Ele pôs-se a correr, espalhando folhas, pulando um tronco apodrecido, tão veloz quanto seus pés permitiam, mas os corvos continuavam a rodeá-lo por todos os lados.<br /><br />Correu, e a noite se aproximou, lançando um véu escuro sobre os pinheiros. Olhos amarelos o obervavam de longe, silenciosos. Correu, e as aves o perseguiram a cada passo, mergulhando e beliscando sua pele. Correu e agitou sua adaga em vão, até que seu fôlego praticamente acabasse. Então o chão sob seus pés desapareceu, e ele começou a cair, sem mais nada conseguir enxergar.<br /><br />A moeda escapou-lhe dos dedos, e os corvos gritaram em triunfo.</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-70958953808622205752012-03-07T18:20:00.003-08:002012-03-07T18:37:40.706-08:00Palavras perdidas<a href="http://1.bp.blogspot.com/-p0xj9UXOhm4/T1gY_oHM4uI/AAAAAAAAAgs/jB0agXAkn7o/s1600/green_eyes____by_gnato.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 255px; height: 400px;" src="http://1.bp.blogspot.com/-p0xj9UXOhm4/T1gY_oHM4uI/AAAAAAAAAgs/jB0agXAkn7o/s400/green_eyes____by_gnato.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5717347208325292770" /></a><br /><br /><div align="center">Às vezes, desaparece a palavra,<br />Às vezes, a criatividade é negada,<br />E até permito-me cair no ócio,<br />Para questionar se realmente os possuo<br />O dom, a arte, a escrita.<br /><br />Letras, onde se escondem?<br />Histórias, onde habitam?<br />Fadas, por que me evitam?<br />Sonhos, por que se desfazem?<br /><br />Se falo, se penso, e me encanto<br />Se sinto, se cheiro, e me engasgo<br />Se encaro, se observo, e detesto<br />Se vivo, e percebo, um trasgo!<br /><br />No verde, no nojo, no sujo<br />No claro, no Belo, no mundo<br />Na vida, na morte e na harmonia<br />Onde está a minha poesia?</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-55727788511325516342012-01-06T15:26:00.001-08:002012-03-07T17:55:18.338-08:00Bons livros<a href="http://2.bp.blogspot.com/-uHrsiPSaDCs/TweD_kNCfYI/AAAAAAAAAgg/jpichd6L6wk/s1600/576fa3191cf7b951b975d8b18607cf9476095662.png"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 291px;" src="http://2.bp.blogspot.com/-uHrsiPSaDCs/TweD_kNCfYI/AAAAAAAAAgg/jpichd6L6wk/s400/576fa3191cf7b951b975d8b18607cf9476095662.png" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5694665381906644354" /></a><br /><br /><br /><br /><div align="justify">Eu sei por que as pessoas lêem. É para fugir de seus mundos, das tristezas, das angústias, da solidão. Esquecer da realidade miserável e provar da ficção doce, quente e aconchegante; esquecer da rotina bruta e participar de viagens empolgantes; esquecer do vazio no amor e apaixonar-se por personagens que, apesar de não serem reais, tornam-se vivos a partir do momento em que os acolhemos.<br /><br />Também servem para isso os filmes, jogos e programas de TV, mas não tão bem como um bom livro. Não, nada se compara a ter em mãos um bom livro, abri-lo, sentir a textura das folhas de papel, seu cheiro, e devorar as palavras lentamente, deliciando-se com cada pequena frase e passagem, cada construção diferenciada e imagem descrita. Um bom livro é feito para ler-se numa manhã fresca, numa tarde de ócio ou numa madrugada chuvosa, encostado nos travesseiros com apenas um fiapo de luz da cabeceira da cama, até o sono chegar e aninhar-se em seus olhos, que aos poucos vão fechando enquanto você luta para terminar mais um capítulo, e por fim vencem seus esforços. Então, ao adormecer, você sonha com os personagens, com seus novos amigos, e com um mundo melhor.</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-119030546697651752011-12-29T05:26:00.001-08:002011-12-29T05:40:30.881-08:00Procurando por sonhos<a href="http://4.bp.blogspot.com/-ewCjdJIjVz0/TvxtObwsxiI/AAAAAAAAAgU/29wZydw1NDw/s1600/the_bed_by_lady_samus-d2xwil9.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 329px; height: 400px;" src="http://4.bp.blogspot.com/-ewCjdJIjVz0/TvxtObwsxiI/AAAAAAAAAgU/29wZydw1NDw/s400/the_bed_by_lady_samus-d2xwil9.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5691544123827078690" /></a><br /><br /><br /><div align="justify">O cobertor foi desdobrado, jogado de um lado para o outro pelas pernas inquietas, e terminou amontoado ao pé da cama. O desespero afundou o rosto no travesseiro, procurando ser acalentado, e também por um pouco de ternura. Mas o travesseiro não era mais o mesmo, ou talvez ela não fosse. Os sonhos que antes ficavam guardados embaixo de sua fronha haviam sumido - talvez roubados, talvez perdidos, ou mais provável, esquecidos em algum canto empoeirado. As horas passavam com o olhar fixado no teto. Nada mais das imagens, sons, cheiros e cores, das alegrias, aventuras e magia, nem mais as lágrimas incontroláveis. Apenas o teto escuro, o corpo triste e o travesseiro oco...</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-2458584771119368172011-12-08T07:17:00.000-08:002011-12-14T12:07:11.272-08:00As ruínas<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/-33Najue5MEQ/TuD7ErA4D-I/AAAAAAAAAgI/J_nN2RWTPnw/s1600/sample-46a74c32df19e9e9dcb367028f8857b3.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 283px; height: 400px;" src="http://1.bp.blogspot.com/-33Najue5MEQ/TuD7ErA4D-I/AAAAAAAAAgI/J_nN2RWTPnw/s400/sample-46a74c32df19e9e9dcb367028f8857b3.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5683818787426013154" /></a><br /><br /><br /><div align="center"><strong>As ruínas</div></strong><br /><br /><div align="justify"><br />Abriu os olhos. <br /><br />Tudo à sua volta era escuro, iluminado apenas por uma luz avermelhada do lampião que ela tinha em mãos.<br /><br />Observava a paisagem, intrigada. Estava numa mansão em ruínas, era o que parecia. À sua frente havia uma escadaria, forrada com um tapete vermelho. Ao chegar mais perto, percebeu que este estava úmido e repleto de musgo, furado por traças e desgastado pelos caprichos do tempo.<br /><br />Encostou-se no corrimão, mapeando todo o lugar com os olhos. Onde estava? Por que estava ali? Como chegara lá? Quem era ela? Estas perguntas sem resposta aparente desabrochavam na cabeça da menina.<br /><br />Estava escuro demais... Deveria ser noite. Nem noção do tempo ela tinha direito. Tentou apelar para seus sentidos. A visão não lhe ajudaria muito, já que tudo estava envolvido numa penumbra inconstante, que tremeluzia com a frágil luz do fogo.<br /><br />Fechou os olhos para sentir os cheiros. Madeira velha, mofo e umidade, muita umidade. Se concentrando, pôde ouvir o som do vento que passava pelas paredes velhas e danificadas, cheias de fendas. Também havia o som de água corrente, pingando devagar, constante.<br /><br />Abriu os olhos novamente. Não adiantaria nada ficar lá parada, esperando algo acontecer, alguma resposta surgir. Decidiu explorar a casa. Primeiramente subiu a escada, seus passos abafados pelo tapete velho. Uma fina linha de luz começou a despontar numa das janelas ― estava amanhecendo. Satisfeita com a luz e o carinho do calor do Sol em seu rosto, ela apagou o fogo num sopro só. Não precisaria mais daquela iluminação macabra.<br /><br />Já no andar de cima, ela caminhou calmamente pelos longos corredores da mansão. Havia portas e mais portas, quartos e mais quartos, e quadros enfeitando as paredes antigas. Muitos deles com imagens desgastadas e feridas, talvez pelo abandono da casa, ou talvez por terem sido apreciados por tempo demais pelos antigos moradores.<br /><br />Ela parava em alguns desses quadros, principalmente nos retratos. Eles lhe davam uma sensação estranha, que ela não conseguia decifrar. A menina não sabia, mas o que sentia era uma espécie de dejavu; como se já tivesse visto tudo aquilo antes, mas muito, muito tempo atrás.<br /><br />Incomodada com isso, voltou a andar, agora inquieta. Não queria mais olhar os quadros, eles a estavam apavorando. Abriu a primeira porta que viu, e ficou estacionada olhando para o quarto.<br /><br />As suas quatro faces eram cobertas por um papel de parece cor de rosa, com laços espalhados, dando um ar gracioso ao ambiente apesar dos desenhos já estarem gastos. Num dos cantos havia uma estante embolorada, que provavelmente já fora branca, com uma boneca de pano repousando sobre ela. Ao lado, um espelho em forma de coração pregado na parede.<br /><br />No outro canto, uma cama desarrumada, os lençóis todos sujos, pois parte do telhado se quebrara e agora deixava entrar a chuva, que ia aos poucos desbotando os detalhes daquele quarto de menina.<br /><br />Inopinadamente, sentiu dificuldades para respirar. Algo naquele lugar a apavorava, dava calafrios. Sentiu tontura e dor de cabeça, mas isso não era o pior. Um desespero profundo foi tomando conta dela, preenchendo-a, torturando-a. Apoderava-se da menina como uma sombra traiçoeira, e aos poucos começava a se enrolar em seu pescoço, tentando estrangulá-la.<br /><br />Alucinada para fugir daquela sensação angustiante, deu um passo para trás. E foi apenas pisar fora do quarto, para que tudo desaparecesse. A dor, o medo, o sufoco, tudo sumiu repentinamente, como se não tivesse passado de um sonho, ou de uma brincadeira de alguma fada travessa. <br /><br />Ela devorou uma golfada de ar, sentindo o alivio voltar aos pulmões. Respirou fundo, tentando controlar a tremedeira. Tinha que se afastar daquele quarto, o mais rápido possível.<br /><br />Caminhou com pressa na direção contraria dele, percorrendo todo o longo corredor, até chegar numa porta no final dele. Estava velha, como tudo naquele lugar. Provavelmente fora muito bonita anos atrás, a menina pôde constatar, graças aos detalhes esculpidos ao longo dela. Porém, agora estava arranhada e apodrecida. <br /><br />A jovem abriu a porta, curiosa para saber o que havia lá dentro, e também ansiosa para se afastar mais do quarto pavoroso. <br /><br />Era uma biblioteca. Lá estava mais claro, pois havia enormes janelas fornecendo luz para leitura. Todas elas estavam destruídas, os vidros estilhaçados; e agora árvores retorcidas adentravam no aposento, escalavam as estantes, enraizavam-se no piso antigo e em todas as brechas que encontravam, e já floresciam, tímidas, dando uma beleza rara ao lugar.<br /><br />Havia poças por todo lado. Por que tanta água naquele lugar? – essa era uma pergunta mais fácil de ser respondida. O telhado já não era mais o mesmo, estava esburacado e acabado. <br /><br />A garota não sabia dizer se estava frio ou quente. Levou o dedo até a boca, e sentiu os lábios trincados, mas também não sentia dor. Começou a se incomodar com aquilo.<br /><br />Decidiu explorar a biblioteca. Agora já havia amanhecido, e os raios entravam alegres pelas amplas janelas, enchendo todo o lugar com luz. Os grãos de poeira podiam ser vistos dançando no ar, quando eram atravessados pelos raios, e pareciam comemorar a chegada de mais uma manhã.<br /><br />Passou por entre as poças sem espalhar água ou ver seu reflexo, e parou em frente a uma estante. Havia livros e mais livros, todos danificados e provavelmente ilegíveis. Ela não tirou nenhum do lugar, esforçou-se em observar as raízes que furavam as prateleiras de madeira.<br /><br />As árvores realmente cresceram por todo canto aqui, pensou a menina. Galhos e folhas começavam a formar portais sobre os corredores de mais e mais obras literárias. Os troncos e raízes não pouparam um buraco sequer, enroscavam-se preguiçosos nas estantes, roubavam o lugar dos livros, e apoiavam-se nas paredes, procurando uma fácil sustentação para crescerem e jogarem seus galhos curiosos sobre todo o ambiente.<br /><br />E suas flores! Era a primeira coisa bela que a jovem via naquelas ruínas. Azuis, todas charmosas, com canudinhos de ponta amarela saindo do meio das pétalas aveludadas. Pareciam brilhar com a luz matinal, pareciam sorrir para a menina.<br /><br />Ela percorreu os corredores, lendo aqui e acolá o título de algum livro, todos muito antigos. Passou por romances, odisséias, tragédias, aventuras, estudos, teses, ensaios teatrais e muitos outros. Por algum motivo também incerto, a biblioteca lhe dava uma sensação agradável.<br /><br />No entanto, ela chegou ao ultimo corredor, no último livro. Nada mais havia para explorar. Somente uma porta no extremo daquela biblioteca, tão desgastada quanto todo o resto ali.<br /><br />A menina abriu-a, curiosa para o que estava por vir, mas também temerosa. Muita luz e calor inundaram o ambiente, a porta escancarada dava para o lado de fora da mansão, mais especificamente para uma escada em caracol que terminavam num jardim.<br /><br />Ela desceu devagar, observando os detalhes da escada em espiral, toda de mármore branco; jazia impecável, sem um risco sequer, porém também já sendo coberta por trepadeiras como os armários da biblioteca. Devia ter sido linda há tempos atrás, como todo o resto daquela mansão. Em todos os cantos a menina encontrava mais e mais traços de luxo.<br /><br />O jardim era composto de colunas formando um círculo, e no centro provavelmente flores bem cuidadas. No entanto a jovem não podia distinguir o que outrora fora plantado ali, pois o mato já havia tomado conta de tudo.<br /><br />Caminhou pelo jardim com uma sensação nostálgica. De repente, parecia ouvir um riso de criança rodeando-a, ver o sorriso de pais orgulhosos, sentir a alegria que há muitos anos atrás preencheu aquele jardim. Em alguns canteiros destruídos, para seu assombro, teve a ligeira sensação que sabia que flores havia ali antigamente. Rosas, margaridas, cravos, dentes de leão...<br /><br />Recuou dos canteiros, para sentir novamente um calafrio percorrer sua espinha, para a alegria do jardim desaparecer. Girando o pescoço, viu. Atrás dela havia outra entrada para a casa, uma porta entreaberta, que parecia gritar seu nome, gritar para ela entrar. Seu nome? Nem isso sequer ela sabia, mas a porta sussurrava algo, algo que parecia ser seu nome. A porta tragava-a com uma aparente gravidade própria, devorava o espírito da menina.<br /><br />Ela adentrou. Aquele corredor parecia mais preservado do que os outros, não havia água ali. A jovem correu, tomada de um ímpeto aflito, passando veloz pelo piso antigo sem levantar a poeira que se acumulava. Precisava chegar à outra porta entreaberta no fim do corredor, não sabia exatamente por quê. Sua cabeça doía, seus olhos se apertavam nas órbitas, a nostalgia dessa vez acompanhada por medo retornava.<br /><br />Pisou no lugar, prendendo a respiração. <br /><br />Era uma sala, com duas grandes poltronas para leitura, e uma mesinha entre elas. Havia um livro caído e aberto no chão. <br /><br />A cabeça da jovem pareceu explodir de dor. Estarrecida, percebeu que não sentia mais seus pés, nem suas mãos, nem braços e pernas, nem nada, apenas a dor lacerante que cortava sua têmpora e embaçava seus olhos. Ouviu novamente o riso de uma criança, pôde vê-la correndo pelo lugar, rindo, enquanto os pais liam uma história sentados nas poltronas. As imagens pareciam sombras desfocadas. <br /><br />A sala em seu auge e a sala destruída se sobrepunham e se misturaram. Na madeira velha, nas poltronas encardidas, haviam manchas escuras e oxidadas, respingos por todos os lados, maculando o que antes fora um lugar agradável. As manchas envelhecidas tomaram cores, voltando ao passado, de vermelho feroz e vivo.<br /><br />Ela viu um homem adentrando na sala. Uma mulher gritando. Um homem correndo para tentar defendê-la, e uma criança se agachando horrorizada num dos cantos da sala. O sangue escorreu; primeiro do pai, que num movimento brusco de resistência derrubou um livro no chão; segundo da mãe, que ainda gritava, e cambaleou sobre a poltrona, manchando-a. Então o homem se dirigiu a criança, de olhos verdes arregalados, com uma lâmina faiscando... Uma última mácula de sangue fez-se, silenciando o lugar.<br /><br />A jovem estava novamente na sala destruída, com manchas escuras do passado. Abriu os olhos verdes; era uma sombra, como todas as outras daquele lugar. A dor aos poucos diminuía, aos poucos falecia, e sua imagem esfarelava-se diante das lembranças. Recobrando-se de tudo, sentiu que precisava desaparecer. Agachou-se no mesmo canto que antes estivera a criança, sorriu. <br /><br />Uma sombra, não mais que uma sombra, habitava naquelas ruínas.</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-67888808826390711002011-11-27T16:10:00.000-08:002011-11-27T16:21:13.803-08:00No fundo do castanho escuro...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/-ILXBfd_XbX8/TtLR-VPSG3I/AAAAAAAAAfw/NDmhs1WZBlo/s1600/a20f8e17b57a77edf11c98d91b0dbe51cfa7e3ec.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 346px;" src="http://4.bp.blogspot.com/-ILXBfd_XbX8/TtLR-VPSG3I/AAAAAAAAAfw/NDmhs1WZBlo/s400/a20f8e17b57a77edf11c98d91b0dbe51cfa7e3ec.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5679832948850957170" /></a><br /><br /><div align="justify">Gosto de olhar seu perfil sério e pensativo, e poderia passar horas a fio nessa contemplação sem me cansar de seu encanto. Gosto de olhar nos seus olhos, procurar um brilho no fundo do castanho escuro, e às vezes encontro a doçura que você insiste em esconder. Gosto de afundar meu rosto no seu cabelo e sentir seu perfume, com a certeza completa de que é o que mais me agrada e agradará nesse mundo, e esse cheiro consegue me arrancar da realidade e me fazer flutuar em alívio, conforto, carinho e esperança.<br /><br />E quando você está longe, me sinto só, mas teimo em sorrir. Quero manter meu semblante alegre para depois também recebê-lo, quando você retornar, com essa mesma alegria. Quando a saudade aperta, coloco fones de ouvido, isolo-me do mundo, ouço uma música que você gosta, fecho os olhos e posso te enxergar.</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-42870134548026286162011-11-27T13:53:00.000-08:002011-11-27T14:05:42.190-08:00Escrevo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/-2OLL-CgdZ1Y/TtKz7G5DM0I/AAAAAAAAAfk/Q2dfqsAFQoo/s1600/Girl_Writing_by_hank1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 302px;" src="http://4.bp.blogspot.com/-2OLL-CgdZ1Y/TtKz7G5DM0I/AAAAAAAAAfk/Q2dfqsAFQoo/s400/Girl_Writing_by_hank1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5679799908111168322" /></a><br /><br /><br /><div align="center">Escrevo, pois tenho palavras guardadas<br /><br />Às vezes necessitadas,<br /><br />De serem mostradas,<br /><br />De serem ouvidas,<br /><br />De serem compreendidas.<br /><br /><br />Escrevo por sentimentos acumulados<br /><br />Desejos deliberados<br /><br />Sonhos apaixonados<br /><br />E olhos fechados.</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-14913055568993132752011-11-12T13:03:00.000-08:002011-11-12T13:11:28.120-08:00Eu desejo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/-c2tEzKk1WiU/Tr7gmQXcqhI/AAAAAAAAAfY/IIy-00dJr7g/s1600/1fcec8c97c235285cf381fd12e97e65fbad6b6e5.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 282px; height: 400px;" src="http://2.bp.blogspot.com/-c2tEzKk1WiU/Tr7gmQXcqhI/AAAAAAAAAfY/IIy-00dJr7g/s400/1fcec8c97c235285cf381fd12e97e65fbad6b6e5.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5674219528366369298" /></a><br /><br /><br /><div align="justify">Não quero ser o pilar que te sustenta. Quero apenas ser alguém que colaborou para você construí-lo e, que quando for preciso, trabalha para ajudar a consertar uma infeliz rachadura.</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-77173882238932396302011-10-30T15:13:00.000-07:002011-10-31T17:04:01.416-07:00A rachadura<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/-1ZdOcB1ujLY/Tq3NiDvcyzI/AAAAAAAAAfM/P1DBQPlH_oc/s1600/Bruise_by_GreenSprite.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 343px; height: 400px;" src="http://4.bp.blogspot.com/-1ZdOcB1ujLY/Tq3NiDvcyzI/AAAAAAAAAfM/P1DBQPlH_oc/s400/Bruise_by_GreenSprite.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5669413490932894514" /></a><br /><br /><br /><div align="center"><strong>A rachadura</div></strong><br /><br /><div align="justify">Clara percebeu que havia uma pequena rachadura na pele lateral de seu pé. Tocando-a coma ponta do indicador, averiguou que o local estava levemente ressecado e a pele áspera ― precisava passar um creme, pensou friccionando a ferida com o dedo.<br /><br />No entanto, quando voltou para casa, não usou creme nenhum, esquecendo-se do pé. Vários dias se passaram sem mais ela se lembrar do machucado, porém, inconscientemente, levava o dedo ao local de vez em quando, enquanto fitava desinteressada seus professores na sala de aula, ou ouvia silenciosamente seus pais conversarem nas refeições. <br /><br />Numa certa tarde excepcionalmente chata, envolvida em um tédio tão grande que ela ignorava completamente o que o professor de física dizia, sentiu uma dor ardida vindo do pé. Procurando sua fonte, percebeu quase indiferente que havia arranhado a região ressecada e arrancado parte da pele. O local estava avermelhado, mas não chegava a sangrar. Dando de ombros, puxou sua meia mais para cima a fim de escondê-lo, e voltou à seu árduo trabalho de ignorar o professor.<br /><br />Sua descontração na sala de aula, entretanto, não afetava seu desempenho. A verdade era que aquele conteúdo era fácil demais, e lendo seus cadernos de teoria conseguia rapidamente solucionar as questões. Era inteligente, sim, e o pai anunciava orgulhoso para todos que quisessem e não quisessem ouvir: seria medica, assim como o avô.<br /><br />Na noite seguinte foi assistir à apresentação de dança da prima dois anos mais velha. Ela dançava balé contemporâneo, e naquele festival seria uma das dançarinas principais, estrelando pela primeira vez depois de anos de aulas e treinos. Os tios de Clara aplaudiram extasiados quando ela subiu ao palco, mas seus pais estavam discretamente aborrecidos com o evento social. Ela bem sabia, não gostavam da sobrinha, era magra demais, rosto fino demais, pele morena demais, gostos subversivos demais, irresponsável demais. Clara não, tinha o rosto delicado, um sorriso sereno, e puxara os olhos da mãe, o que o pai não cansava de dizer.<br /><br />A prima entrou no palco com um vestido branco rasgado, o cabelo cheio de cachos puxado num rabo de cavalo alto, caindo por suas costas, e ornamentado com uma fita de cetim. Esquecendo dos comentários dos pais, para Clara, ela parecia a criatura mais fantástica do mundo. Em meio aos aplausos frenéticos e impressionados, ela pôs-se a arrancar lenta e minuciosamente a casquinha da ferida que estava já parcialmente cicatrizada, sem desgrudar os olhos da prima.<br /><br />Os dançarinos encheram o palco rodopiando, arrastando-se, dançando rentes ao chão com movimentos esquisitos, sensuais, ferozes e libertadores, sob uma música de sons distorcidos da cidade. No final do show todas as bailarinas e bailarinos subiram ao palco agradecer. Montes deles, com roupas deslumbrantes, sorrisos no rosto, se curvavam educadamente diante das palmas. Clara olhava para o palco, depois para os pais, depois novamente para o palco, e não pôde deixar de pensar: “serei uma ótima médica um dia”. Mas não sorria.<br /><br />Terminada a apresentação, e de volta a sua casa, sem fome, dirigiu-se a seu espaçoso quarto e fechou a porta. O lugar, iluminado apenas por um abajur, exibia móveis de madeira escura. A luz clareava somente o armário com a porta aberta, deixando à mostra roupas cor de rosa, salmão e bege, que a mãe da jovem aos montes comprava e enfiava no móvel, já bem apertado. Na escrivaninha havia diversos livros e uma caixinha de jóias de madeira entalhada e trancada, a chave guardada cuidadosamente longe da vista de todos.<br /><br />O quarto transmitia uma sensação de vazio para Clara. Ela virou-se na cama, deitando de bruços, sentindo seu pé arder loucamente com o contato em sua meia. Irritou-se com a ferida, mas logo a irritação passou e ela começou a ignorá-la, permanecendo por várias horas fitando seu travesseiro.<br /><br />Depois daquele dia, não mais deixou que a ferida cicatrizasse. Suas provas se aproximavam, ela mantinha-se entediada com a certeza de que passaria, arranhando o pé. Chegou num dado momento que não havia mais pele para arrancar naquela região, e desinteressada começou a cutucar seu cotovelo. Não levou muito tempo para obter marcas feias, e passou a usar apenas camisetas de manga longa para ocultá-las. Para sua sorte, onde vivia o clima não era tão quente, então não seria incomodada pelo calor e suor. <br /><br />As provas passaram como se fossem apenas mais um evento rotineiro, sem nada a declarar ou acrescentar, o tédio costumeiro, e enfim chegaram os resultados já esperados que ela obtivera sucesso. A família cheia de orgulho chamou os parentes para uma festa de comemoração em casa, com farta comida, farta fofoca e pouco conteúdo. <br /><br />A prima chegou com suas roupas despojadas, cabelo solto, alegre, e parabenizou-a com o sorriso mais sincero possível. Clara agradeceu, aquietou-se, voltou ao tédio cheio de angústia e esperou pacientemente que todas aquelas pessoas fossem embora, para enfim jogar-se debaixo da água quente do chuveiro. Deixou-a escorrer por todo o corpo, fervendo, lambendo as feridas que ardiam insuportavelmente, sufocando um lamento. Olhou para seu trabalho bem feito, não havia sequer um lugar mais para enfiar suas garras na região. Apática, examinou o resto de seu corpo, esboçando um sorriso, e pensou:<br /><br />“Bem, para onde vou agora?” </div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-39169260399091767662011-10-20T17:58:00.000-07:002011-10-20T18:10:21.350-07:00Andorinhas<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/-metab7Nayjk/TqDGbRuFQiI/AAAAAAAAAeo/yW1ejthfCFQ/s1600/A_Tree_Swallow_by_JocelyneR.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 373px;" src="http://1.bp.blogspot.com/-metab7Nayjk/TqDGbRuFQiI/AAAAAAAAAeo/yW1ejthfCFQ/s400/A_Tree_Swallow_by_JocelyneR.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5665746503147536930" /></a><br /><br /><br /><div align="center"><strong>Andorinhas</strong></div><br /><br /><div align="justify">Andorinhas gostam de voar em dias nublados. Pela manhã, próximas ao rio, formam uma cortina de pingentes negros no céu que me distrai um pouco de minha solidão. Há beleza em um amanhecer de nuvens baixas e carregadas...</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-81362201028178467682011-10-20T17:46:00.000-07:002011-10-20T17:56:56.886-07:00O mundo que eu gostaria de entrar...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/-WPa8WI444Kw/TqDCdqie64I/AAAAAAAAAeQ/iz5Ne61w9xg/s1600/9ff921fad9d20e8106617c7031714c3288f24f0d.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 283px; height: 400px;" src="http://3.bp.blogspot.com/-WPa8WI444Kw/TqDCdqie64I/AAAAAAAAAeQ/iz5Ne61w9xg/s400/9ff921fad9d20e8106617c7031714c3288f24f0d.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5665742146123000706" /></a><br /><br /><div align="center"><strong>O mundo que eu gostaria de entrar...</strong><br /><br /><br /><br />Você cada vez mais afunda<br /><br />Num fosso escuro entorpecido,<br /><br />Escutando músicas aflitas,<br /><br />Escutando guitarras distorcidas.<br /><br />Em seu mundo, sua companhia,<br /><br />Em seus delírios, seus sofrimentos,<br /><br />Sua realidade irreal,<br /><br />Afunda, mergulha, afunda...<br /><br /><br /><br />Eu bati em sua porta,<br /><br />Mas não fui atendida.<br /><br />Então forcei-a,<br /><br />Mas encontrei feroz resistência.<br /><br />O que você esconde ai,<br /><br />No meio de seu universo,<br /><br />No meio de melodias tristes?<br /><br /><br /><br />Há uma ferida em seus lábios.<br /><br />Há uma ferida em meus olhos.<br /><br />Mas nossas visões não se cruzam para perceber<br /><br />Que seus braços estão fazendo falta por aqui.<br /><br />Quem é o homem que está escondido?<br /><br />Só vejo uma imagem nebulosa de seu contorno...</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-84163598420118334162011-10-13T15:39:00.000-07:002011-10-13T15:58:55.227-07:00Som da paz<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/-56MNLYdzTns/TpdtC8383gI/AAAAAAAAAeE/ChBVoMkn_ho/s1600/82b5a3b0170604337a12702885e0bd084a72bc18.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 351px; height: 400px;" src="http://1.bp.blogspot.com/-56MNLYdzTns/TpdtC8383gI/AAAAAAAAAeE/ChBVoMkn_ho/s400/82b5a3b0170604337a12702885e0bd084a72bc18.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5663114953909657090" /></a><br /><br /><br /><div align="center"><strong>Som da paz</strong></div><br /><br /><div align="justify">Às vezes penso comigo mesma, se a paz tivesse um som, seria o som da chuva. Não o som daquelas tempestades vorazes que arrebentam terras e rasgam céus, mas sim o daquela garoa contínua que perdura pelo dia todo, lava a poeira e limpa o ar, e na manhã seguinte deixa a grama naquele tom verde vivo. Aquela garoa que cai no entardecer e refresca o ambiente, que deixa aquele cheirinho gostoso de chuva pairando nas ruas. Aquele som que acalma meu espírito...</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-34478565513376999342011-10-07T19:25:00.000-07:002011-10-13T18:56:58.441-07:00Humanidade<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/-kNZyUXPSSo0/To-7vn1LywI/AAAAAAAAAd0/36-9gvdVwlE/s1600/human_project_by_Blaumohn.png"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 347px; height: 400px;" src="http://3.bp.blogspot.com/-kNZyUXPSSo0/To-7vn1LywI/AAAAAAAAAd0/36-9gvdVwlE/s400/human_project_by_Blaumohn.png" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5660949683448302338" /></a><br /><br /><br /><div align="center"><strong>Humanidade</strong><br /><br /><br />Nunca hei de entendê-lo.<br /><br />Esse seu apego a razão,<br /><br />Esse seu negar de sentimento!<br /><br />O que é o que você sente,<br /><br />Senão você mesmo?<br /><br />Completamente racional é uma máquina.<br /><br />Mas você é um homem,<br /><br />Ouso dizer, cativante.<br /><br />Por que renegar o que lhe pertence?<br /><br />Irracional não é o sentir exacerbado,<br /><br />Mas sim a tentativa de espírito domado,<br /><br />A tentativa de apagar sua humanidade.<br /></div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-55370794476512816162011-09-29T16:04:00.000-07:002011-09-29T16:08:51.104-07:00A menina que falava com árvores<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/-KdYqOBa3sg0/ToT5xd35DmI/AAAAAAAAAds/Q9kLu9Nrob4/s1600/sample_ab24a698302cf6c16d9cabd7b8a152eba5c10824.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 307px; height: 400px;" src="http://1.bp.blogspot.com/-KdYqOBa3sg0/ToT5xd35DmI/AAAAAAAAAds/Q9kLu9Nrob4/s400/sample_ab24a698302cf6c16d9cabd7b8a152eba5c10824.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5657921660112146018" /></a><br /><br /><div align="center"><strong>A menina que falava com árvores</strong></div><br /><br /><br /><div align="justify">A menina de olhos azuis aproximou-se de sua mãe, que lia interessada uma revista. <br /><br />Disse-lhe com voz manhosa:<br /><br />― Mãe, eu me sinto só.<br /><br />A mulher não desviou os olhos do que lia, e resmungou:<br /><br />― Vá brincar com a vizinha.<br /><br />― Mas ela não é minha amiga. ― A pequena cruzou os braços.<br /><br />― Não?<br /><br />― Não. Ela pega meus brinquedos, puxa meu cabelo e zomba de minhas roupas.<br /><br />― Então brinque com sua boneca nova. ― Disse a mãe encerrando o assunto e fazendo um gesto para a garota sair da sala.<br /><br />Cabisbaixa, ela foi então falar com seu pai que estava no escritório. Disse-lhe com a voz tristonha:<br /><br />― Pai, eu me sinto só.<br /><br />O homem digitava em seu computador ― ele estava sempre trabalhando, era o que a menina constatava.<br /><br />― Mas você não tem amiguinhos lá na escola? ― Ele tentava deixar a voz doce, mas claramente não estava prestando atenção no que a filha dizia.<br /><br />― Não. Eles não me deixam brincar...<br /><br />― Filhinha ― Ele parou de digitar e olhou para ela. ― Deixa o papai trabalhar, depois eu coloco um jogo novo pra você no computador. <br /><br />Ela desistiu de conversar e foi andando amuada até seu quarto.<br /><br />No dia seguinte, na escola, procurou sua professora e falou chateada:<br /><br />― Tia, eu me sinto só.<br /><br />― Seus amigos estão brincando, vá lá ― Ela fez um gesto para o parquinho, no qual as crianças corriam e pulavam.<br /><br />― Eles não são meus amigos... <br /><br />― Claro que são. Vamos, tente se enturmar. <br /><br />“Gente grande tem uma idéia muito errada sobre amizade”, pensou ela, enquanto se afastava do parquinho e sentava embaixo de uma árvore.<br /><br />― Eu me sinto só... ― Disse para si mesma e suspirou.<br /><br />― Eu também. ― Respondeu a árvore.<br /><br />A menina dos olhos azuis deu um salto, surpresa, e fitou os galhos acima de sua cabeça.<br /><br />― Você fala?<br /><br />― Claro que falo, todas as arvores falam. ― Ela respondeu delicadamente, mas como se aquilo fosse obvio. ― Mas os adultos se recusam a nos ouvir.<br /><br />Ela olhou fascinada para a árvore. <br /><br />― Qual é seu nome?<br /><br />― Jacarandá, prazer.<br /><br />― Por que você se sente só, Jacarandá? <br /><br />― Não há outras árvores à volta. Não tenho ninguém para conversar, e há muito tempo nenhum passarinho vem aqui fazer um ninho e me alegrar com seu canto.<br /><br />A garota ficou pensativa, e a árvore completou meio melancólica:<br /><br />― Nós nos sentimos sós na cidade...<br /><br />Ela concordou com a cabeça, e perguntou:<br /><br />― O que é um amigo?<br /><br />― É alguém que preenche um pouco do vazio das pessoas. ― Disse-lhe a árvore com uma voz meiga, mas tristonha. A menina sorriu.<br /><br />― Posso lhe fazer companhia?<br /><br />O vendo bateu nas folhas do Jacarandá, que balançaram, e pareceu que ele estava rindo.<br /><br />― Mas é claro, pequenina.<br /><br />A partir daquele dia, a menina de olhos azuis passou a falar com árvores. </div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-1065633506920627332011-09-26T17:44:00.000-07:002011-09-26T18:05:32.872-07:00De novo?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/-4857y5UsjT8/ToEg7HLXJII/AAAAAAAAAdk/IUoxPxqS6WQ/s1600/before_dawn__by_andyp89.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 397px;" src="http://3.bp.blogspot.com/-4857y5UsjT8/ToEg7HLXJII/AAAAAAAAAdk/IUoxPxqS6WQ/s400/before_dawn__by_andyp89.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5656838806865126530" /></a><br /><br /><br /><div align="center"><strong>De novo?</strong><br /><br />Amanheceu mais uma manhã.<br />Entardeceu mais uma tarde.<br />Anoiteceu mais uma noite.<br />Amanheceu mais uma manhã.<br />Outra manhã,<br />Nada mudou.</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-15423257837613361772011-09-22T15:45:00.000-07:002011-09-22T15:49:28.318-07:00Crianças<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/-Zci5xKO0F9Q/Tnu7To3ogvI/AAAAAAAAAdc/xiUsXYBE7uM/s1600/brinke%2Bcomo%2Buma%2Bcrian%25C3%25A7a.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 340px;" src="http://4.bp.blogspot.com/-Zci5xKO0F9Q/Tnu7To3ogvI/AAAAAAAAAdc/xiUsXYBE7uM/s400/brinke%2Bcomo%2Buma%2Bcrian%25C3%25A7a.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5655319703156458226" /></a><br /><br /><div align="center"><strong>Crianças</strong></div><br /><br /><div align="justify"> ― Já se questionou por que as crianças fazem tantas perguntas e os adultos tão poucas?<br /><br /> ― Porque os adultos sabem muito mais que elas, oras.<br /><br /> Eu ri discretamente.<br /><br /> ― Não. É porque quando crescemos, paramos de pensar.</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-81183799486004956172011-09-20T15:31:00.000-07:002011-09-20T15:38:02.707-07:00Sem sentido<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/-h-3rh70dWG0/TnkVcjqMo6I/AAAAAAAAAdU/GdO1zaqC100/s1600/luzes-da-cidade-1299759907.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 250px;" src="http://2.bp.blogspot.com/-h-3rh70dWG0/TnkVcjqMo6I/AAAAAAAAAdU/GdO1zaqC100/s400/luzes-da-cidade-1299759907.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5654574387493118882" /></a><br /><br /><br /><div align="center"><strong>Sem sentido</strong><br /><br /><br />Rotina bruta, fria, crua.<br /><br />Rotina que me prende, massacra.<br /><br />Desrespeito, vontade alheia, indiferença.<br /><br />Energia tomada, voz desperdiçada.<br /><br />Luz vã, silenciosa.<br /><br />Luz que ofusca, racha, tortura.<br /><br />Faróis, lâmpadas, neon, energia.<br /><br />Onde estão as estrelas?<br /><br />Expectativas, correções, exigências.<br /><br />Por acaso isso é vida?<br /><br />Pressão intencional,<br /><br />Rotina superficial<br /><br />Vazio insistente, ingrato.<br /><br />Gritos, berros, escândalos,<br /><br />Meu silêncio lacônico habituado.<br /><br />Marcham máquinas, não homens,<br /><br />De lábios fechados, peitos lacrados.<br /><br />Pobres almas perturbadas,<br /><br />As que lutam contra a caminhada.<br /><br />Amor ferido, alma rompida,<br /><br />Fé dizimada,<br /><br />Fé que nunca existiu.<br /><br />Mais um dia, mais uma hora,<br /><br />Mais um amanhecer, um entardecer.<br /><br />Quem aprecia o pôr do sol?<br /><br />Rotina má, constante, nua.<br /><br />Vazio condizente, obediente.<br /><br />Tenho palavras, caladas.<br /><br />Tenho dores, discretas.<br /><br />Tenho sonhos, tantos sonhos!<br /><br />Não suporto mais ver a luz.</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-27885882277782616242011-09-16T12:46:00.000-07:002011-09-16T12:55:14.272-07:00Alma de poeta<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/-foCPM5mIKAk/TnOpYMCJgYI/AAAAAAAAAdM/LgAXzmMIyqo/s1600/Soft_Blood.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 273px; height: 400px;" src="http://3.bp.blogspot.com/-foCPM5mIKAk/TnOpYMCJgYI/AAAAAAAAAdM/LgAXzmMIyqo/s400/Soft_Blood.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5653048190292296066" /></a><br /><br /><br /><div align="center"><strong>Alma de poeta</strong><br /><br /><br />Quando a tristeza passar,<br /><br />Faltarão palavras.<br /><br />Quando a angústia sumir,<br /><br />Poesias não hão mais de vir.<br /><br />Quando o vazio acabar,<br /><br />Não haverão mais histórias trancadas.<br /><br /><br /><br />Enquanto escorrer rubro sangue<br /><br />Da ferida que arde e não cicatriza,<br /><br />Enquanto encravarem-se espinhos,<br /><br />Os mais terríveis, vindos de um amado,<br /><br />Minha alma me martiriza,<br /><br />Sinto o espírito gelado,<br /><br />E surge a necessidade de contos,<br /><br />No papel rabiscados.<br /><br /><br /><br />Vivo num desejo inconstante.<br /><br />Num paradoxo incessante.<br /><br />De encontrar um fim para o sofrimento,<br /><br />E desaparecer minha maior expressão,<br /><br />A forma de mostrar que existo,<br /><br />Matar minha alma de poeta.</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-76265563315066326872011-09-16T12:35:00.000-07:002011-09-16T12:46:06.692-07:00Chega!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/-awWvCzFgIY4/TnOnbYPk_WI/AAAAAAAAAdE/HbVAb-6lAvE/s1600/enjoy_the_silence_by_utopic_man.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 400px;" src="http://3.bp.blogspot.com/-awWvCzFgIY4/TnOnbYPk_WI/AAAAAAAAAdE/HbVAb-6lAvE/s400/enjoy_the_silence_by_utopic_man.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5653046046086200674" /></a><br /><br /><br /><div align="center"><strong>Chega!</strong><br /><br /><br />Silêncio! Silêncio!<br /><br />Chega de gritos desperdiçados.<br /><br />Chega de ondas sonoras desnecessárias.<br /><br />Chega de palmas, de berros, de euforia,<br /><br />Chega dessa tortura auditiva.<br /><br />Quero o silêncio completo e absoluto.<br /><br />Quero o silêncio da paz, do campo.<br /><br />Longe das buzinas, das festas, da TV.<br /><br />O silêncio do coração em batidas ritmadas.<br /><br />O silêncio da alma relaxada.<br /><br />O silêncio dos trabalhadores cansados.<br /><br />O silêncio de uma criança que dorme.<br /><br />O silêncio de um chalé da montanha.<br /><br />Quero o silêncio de um casal apaixonado,<br /><br />Nu, cru, incontestável, puro.</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-3156220502832787672011-09-03T16:42:00.000-07:002011-09-03T16:59:16.556-07:00O girassol determinado<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/-SMfTh79PEBk/TmK_P3fDEUI/AAAAAAAAAc8/QscPQZ9F81k/s1600/girassol.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 307px; height: 400px;" src="http://3.bp.blogspot.com/-SMfTh79PEBk/TmK_P3fDEUI/AAAAAAAAAc8/QscPQZ9F81k/s400/girassol.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5648287161989140802" /></a>
<br />
<br /><div align="center"><span style="font-weight:bold;">O girassol determinado</span>
<br />
<br />
<br />Vi um gracioso girassol.
<br />Ele apontava suas pétalas para o entardecer,
<br />E crescia num chão de concreto,
<br />Sua base espremida numa pequena rachadura.
<br />
<br />Admirei o girassol amarelo.
<br />Invejei sua determinação.
<br />Olhe, veja, uma planta determinada!
<br />Muito mais do que muita gente por ai,
<br />Muito mais do que eu mesma.
<br />
<br />O girassol cresceu no cimento.
<br />Num pequeno vão,
<br />Rasgou o chão duro,
<br />Tornou-se alto e forte,
<br />Floresceu pomposo.
<br />
<br />Queria ser como o girassol,
<br />Que passou por cima das dificuldades,
<br />E tornou-se belo.
<br />Que num entardecer,
<br />Florido,
<br />Inspirou-me.</div>
<br />Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-24999376695052194752011-08-16T16:41:00.000-07:002011-08-16T16:50:18.426-07:00Tempo e rotina<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/-T8a_hVKL2cY/TksAoDohlVI/AAAAAAAAAc0/izXchWCab8Q/s1600/rotina.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 351px;" src="http://3.bp.blogspot.com/-T8a_hVKL2cY/TksAoDohlVI/AAAAAAAAAc0/izXchWCab8Q/s400/rotina.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5641603646381725010" /></a>
<br />
<br /><div align="justify">O tempo é zombeiro e a rotina é sádica. Ele passa veloz, enquanto ela não me permite aproveitá-lo adequadamente. Sinto-me provocada por existências não humanas.</div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-11406568511899966792011-08-16T16:24:00.000-07:002011-08-16T16:34:02.591-07:00Declaração<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/-sJuo6TFNm2Q/Tkr-KO-UNlI/AAAAAAAAAcs/JDux29uxeM4/s1600/Love__by_darkbutterfly6.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="http://1.bp.blogspot.com/-sJuo6TFNm2Q/Tkr-KO-UNlI/AAAAAAAAAcs/JDux29uxeM4/s400/Love__by_darkbutterfly6.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5641600935006582354" /></a>
<br />
<br />
<br /><div align="center"><strong>Declaração</strong>
<br />
<br />
<br />Do rosto ameaçador, tiro um sorriso brando.
<br />
<br />Da voz grave, tiro um suspiro baixo.
<br />
<br />Dos olhos castanhos, tiro um brilho raro.
<br />
<br />Com os lábios sinceros, digo “eu te amo”.</div>
<br />Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-28063022899778446272011-08-15T15:40:00.000-07:002011-08-15T15:59:10.589-07:00Estagnada no tempo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/-ttQyCMuhhg0/Tkmj5qSH4YI/AAAAAAAAAck/5czpNigv7SI/s1600/5df3521db3c42f3b5dc2ec0990050a94f8904d38.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 267px; height: 400px;" src="http://1.bp.blogspot.com/-ttQyCMuhhg0/Tkmj5qSH4YI/AAAAAAAAAck/5czpNigv7SI/s400/5df3521db3c42f3b5dc2ec0990050a94f8904d38.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5641220219256430978" /></a>
<br />
<br /><div align="center"><strong>Estagnada no tempo</strong></div>
<br />
<br /><div align="justify">A menina apreciava o vento balançando seu cabelo loiro enquanto o dia terminava de escurecer, e as lâmpadas da rua pacata começavam a acender. Olhava à sua esquerda uma árvore jovem, mas já bem alta, que também era acariciada pela brisa.
<br />
<br />Por um momento, focou-se na casa à sua direita, inteiramente construída e habitada. Lembrava-se de ter brincado na construção daquela casa, de ter se escondido nos buracos que futuramente seriam seus alicerces, e espiado um casal que se abraçava bem ao lado daquela árvore. Árvore esta que na época não passava de uma pequena mudinha que a garota plantara nos seus 12 anos. Tratava-se de um ipê rosa, e ela tinha esperanças de que no ano seguinte ele desse sua primeira florada.
<br />
<br />Uma coruja piou na mata.
<br />
<br />Tudo havia mudado. A árvore bebê agora já era imponente. A construção tornara-se uma casa. Porém, se a jovem pudesse ver seu reflexo naquele instante, e comparasse-o com uma foto antiga, perceberia que seu rosto nada mudara desde os 12 anos. Continuava com a face redonda, os olhos azuis puxados nos cantos, a franjinha na altura das sobrancelhas grossas. Era exatamente a mesma.
<br />
<br />E sua alma, havia mudado? Havia crescido? Aparentemente, também não. Era obvio que com o passar dos anos começara a agir diferente, mas conservava a mesma essência de menina, de criança sonhadora. Como se parasse no tempo. Como se fosse fadada a viver eternamente naquela idade, e encantar-se com os encantos daquela idade.
<br />
<br />E, no entanto, os outros não ficaram parados. Caminhavam em frente e cresciam, e apenas ela conservava aquele ar infantil. Até mesmo sua companheira árvore tornava-se adulta. Somente ela ainda estava lá, sentada onde brincara com as amigas anos atrás, a mesma de sempre, presa ao passado, beirando a loucura.</div>
<br />
<br />Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2420834843382164667.post-88243237055635278282011-08-15T10:06:00.000-07:002011-08-15T10:12:51.095-07:00O dia em que choveu elefantes cor de rosa<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/-xZpcCb19xyo/TklSGlTGbqI/AAAAAAAAAcc/aeATbdKTs8w/s1600/elefante%2Bcor%2Bde%2Brosa.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 400px;" src="http://4.bp.blogspot.com/-xZpcCb19xyo/TklSGlTGbqI/AAAAAAAAAcc/aeATbdKTs8w/s400/elefante%2Bcor%2Bde%2Brosa.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5641130281303174818" /></a>
<br />
<br /><div align="center"><strong>O dia em que choveu elefantes cor de rosa</strong></div>
<br />
<br /><div align="justify">Era um dia como outro qualquer. Ou pelo menos seria, se não estivesse chovendo elefantes cor de rosa.
<br />
<br />Na rua uma menina gritava loucamente: "Está chovendo elefantes cor de rosa!". Os outros olhavam para ela assustados.
<br />
<br />"Pobre louca" Pensavam todos. Seria a loucura realmente um sofrimento?
<br />Ela parecia se divertir. Por que não tentar também?
<br />
<br />Logo foram todos às ruas com seus gigantescos aparelhos de televisão portátil sutilmente equilibrados para celebrarem esse tão belo dia.
<br />
<br />Então começou a chover. Todos entraram deprimidos. "A chuva estraga tudo..." resmungavam eles.
<br />
<br />Tinha tudo para ser um dia tão promissor, e mesmo assim, ficaram a ver navios.
<br />Literalmente, já que a chuva se revelou um tremendo e catastrófico dilúvio que dizimou toda a população de loucos daquele esquecido asilo.
<br />
<br />Estavam num asilo? Ele não se lembrava. Talvez fosse a idade. Ou não. O que estava fazendo mesmo?
<br />
<br />Ah sim, como poderia ter esquecido? Torradas. Adorava torradas. Nada como torradas para alegrar uma manhã sombria e chuvosa como aquela.
<br />
<br />Pois então, foi comer torradas. Mas, na cozinha, não encontrou a geléia de morango que tanto amava. Só havia geléia de pêssego.
<br />
<br />Desespero. Dor. Sofrimento. Quem havia acabado com a maldita geléia? Munido de banheira e torradeira, foi ao encontro do seu torturador.
<br />
<br />Já ate imaginava quem era. Aquela velha enrugada que morava no quarto 103. Aquela bruxa! Sempre comia sua geléia. Ia por um ponto final nisso agora mesmo.
<br />
<br />Chegou e bateu a porta da casa dela. Silêncio. Além de tudo aquela desgraçada estava se escondendo? Com um só golpe pôs a porta abaixo, apenas para cair no imenso Vazio.
<br />
<br />O que é que estava fazendo? Brigando por um mísero pote de geléia? Olha só até onde se rebaixara... Agora estava tudo escuro.
<br />
<br />Por um segundo, ouviu uma risada. Maldita bruxa! Foi só então que se lembrou de abrir seus olhos e erguer-se do chão. E lá estava ela, bem diante de seus olhos.
<br />
<br />Ela... Ela estava usando um chapéu de bruxa? E... Com uma ARANHA em cima? Não, não, não, odiava aranhas! Como ia se defender? Estava perdido... Todo seu esforço servira para nada. E ainda não comera sua torrada com geléia.
<br />
<br />Ela estava se curvando em sua direção... Já podia até mesmo sentir aquele hálito rançoso invadindo suas narinas, a aranha a milímetros de sua testa. E quando tudo parecia perdido, caiu um elefante cor de rosa exatamente em cima da bruxa. A salvação em forma de paquiderme com cores duvidosas.
<br />
<br />"Cor de rosa! Meu salvador é cor de rosa!" gritou o velho exaltado. Saiu para as ruas ainda gritando "Um elefante cor de rosa!". As pessoas olharam para ele assustadas.
<br />
<br />"De novo não", pensavam. Morrer duas vezes em um dilúvio no mesmo dia era realmente desgastante.
<br />
<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-style:italic;"> Créditos ao meu namorado Kaká que me ajudou a escrever esse texto.</span></div>Júlia Molinarihttp://www.blogger.com/profile/02978394520337591969noreply@blogger.com0