Estagnada no tempo
A menina apreciava o vento balançando seu cabelo loiro enquanto o dia terminava de escurecer, e as lâmpadas da rua pacata começavam a acender. Olhava à sua esquerda uma árvore jovem, mas já bem alta, que também era acariciada pela brisa.
Por um momento, focou-se na casa à sua direita, inteiramente construída e habitada. Lembrava-se de ter brincado na construção daquela casa, de ter se escondido nos buracos que futuramente seriam seus alicerces, e espiado um casal que se abraçava bem ao lado daquela árvore. Árvore esta que na época não passava de uma pequena mudinha que a garota plantara nos seus 12 anos. Tratava-se de um ipê rosa, e ela tinha esperanças de que no ano seguinte ele desse sua primeira florada.
Uma coruja piou na mata.
Tudo havia mudado. A árvore bebê agora já era imponente. A construção tornara-se uma casa. Porém, se a jovem pudesse ver seu reflexo naquele instante, e comparasse-o com uma foto antiga, perceberia que seu rosto nada mudara desde os 12 anos. Continuava com a face redonda, os olhos azuis puxados nos cantos, a franjinha na altura das sobrancelhas grossas. Era exatamente a mesma.
E sua alma, havia mudado? Havia crescido? Aparentemente, também não. Era obvio que com o passar dos anos começara a agir diferente, mas conservava a mesma essência de menina, de criança sonhadora. Como se parasse no tempo. Como se fosse fadada a viver eternamente naquela idade, e encantar-se com os encantos daquela idade.
E, no entanto, os outros não ficaram parados. Caminhavam em frente e cresciam, e apenas ela conservava aquele ar infantil. Até mesmo sua companheira árvore tornava-se adulta. Somente ela ainda estava lá, sentada onde brincara com as amigas anos atrás, a mesma de sempre, presa ao passado, beirando a loucura.
Por um momento, focou-se na casa à sua direita, inteiramente construída e habitada. Lembrava-se de ter brincado na construção daquela casa, de ter se escondido nos buracos que futuramente seriam seus alicerces, e espiado um casal que se abraçava bem ao lado daquela árvore. Árvore esta que na época não passava de uma pequena mudinha que a garota plantara nos seus 12 anos. Tratava-se de um ipê rosa, e ela tinha esperanças de que no ano seguinte ele desse sua primeira florada.
Uma coruja piou na mata.
Tudo havia mudado. A árvore bebê agora já era imponente. A construção tornara-se uma casa. Porém, se a jovem pudesse ver seu reflexo naquele instante, e comparasse-o com uma foto antiga, perceberia que seu rosto nada mudara desde os 12 anos. Continuava com a face redonda, os olhos azuis puxados nos cantos, a franjinha na altura das sobrancelhas grossas. Era exatamente a mesma.
E sua alma, havia mudado? Havia crescido? Aparentemente, também não. Era obvio que com o passar dos anos começara a agir diferente, mas conservava a mesma essência de menina, de criança sonhadora. Como se parasse no tempo. Como se fosse fadada a viver eternamente naquela idade, e encantar-se com os encantos daquela idade.
E, no entanto, os outros não ficaram parados. Caminhavam em frente e cresciam, e apenas ela conservava aquele ar infantil. Até mesmo sua companheira árvore tornava-se adulta. Somente ela ainda estava lá, sentada onde brincara com as amigas anos atrás, a mesma de sempre, presa ao passado, beirando a loucura.
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