"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas...Continuarei a escrever" - Clarisse Lispector

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Dama cruel





Dama cruel


Uma confusão. Tudo gira, treme, arranha, pula, vai de um lado para o outro e enlouquece. Tenho 15 anos.

Sempre tive problemas com o crescimento, a perspectiva de mudanças me amedronta. Mas nada teve um impacto em mim como essa dama, cruel e nem um pouco sutil, chamada adolescência.

Para nós, garotas, chega mais cedo, num grande baque. Nada mais é igual, nosso corpo nos surpreende, os moleques irritantes começam a ser vistos com novos olhos e nos sentimos perdidas num redemoinho de fogo que é nossa mente.

E eis que surge um dos nossos maiores inimigos: as espinhas. Aparecem onde e quando não deviam, incham, doem, e tentamos desesperadamente nos livrar delas com cremes e sabonetes. Tudo debalde, elas sempre voltam.

Os garotos entram na fase insuportável, e nos provocam até explodirmos, para depois rirem e perguntarem se estamos de TPM ou algo do tipo. Mesmo assim, por mais que sejam retardados e imaturos, um deles acaba atraindo nossos olhares; que frustrante.

O primeiro amor é uma tortura, um veneno se infiltrando em suas veias sem você possuir o antídoto. Um mero “olá” desencadeia uma tremedeira e um coração disparado. Não se sabe lidar com o novo sentimento.

Mergulhados um meio desse turbilhão de sensações e hormônios (infelizes desencadeadores de espinhas), nossos pais não conseguem nos entender, apenas perguntam o que fizeram de errado e tentam nos mandar a psicólogos. Não importa o quanto tentemos explicar, eles dizem que você é um rebelde sem causa e que devia dar valor ao que tem.

Parece que eles se esqueceram de como era estar nesse campo de batalha. Quando for mais velha, talvez também esqueça. Por isso, deixo aqui gravadas minhas memórias para futuramente relembrar de minha adolescência e não cometer os mesmos erros com meus filhos.

OBS.: As chances de eu perder a folha com esse texto na próxima semana são extremamente grandes, portanto não faz o menor sentido escrever isso, mas ainda assim o fiz, afinal, todo jovem nessa idade é contraditório. Adolescência é fogo.

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