"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas...Continuarei a escrever" - Clarisse Lispector

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Quarta-ferira de cinzas





Obra de arte


Era manhã de quarta-feira de cinzas. As ruas estavam vazias e silenciosas, exceto por dois bêbados deitados na sarjeta. Um folião, ainda fantasiado, estava parado sobre um carro alegórico estacionado na avenida. Ele olha para os enfeites verde e branco, parecendo extasiado.

Sua fantasia, das cores do carro, consiste em uma espécie de saia com armação, coberta de gliter, um capacete de onde saem plumas e penas delicadas e um colete que deixa seu peito à mostra. Realmente, uma obra de arte. Moreno, cabelos longos e pretos saindo de baixo do capacete, alto com o tronco musculoso. Um sorriso brotava de seu rosto, provavelmente alegre com os eventos da noite anterior.



Espetáculo de cores


Está tudo silencioso, mas ainda escuto os gritos e a música da noite anterior, como um disco em minha cabeça. O Sol já havia surgido no horizonte, sua luz refletia no gliter do carro alegórico e da minha fantasia. Um espetáculo de cores, que pareciam tão macias e aveludadas.

Ele era lindo. Os pilares que há algumas horas foram ocupados por belas jovens que sambavam, agora vazios ainda mostravam seu esplendor. A decoração que retratava as matas brasileiras me hipnotizava e impedia que eu tirasse os olhos dela. O carro parecia sorrir. Um sorriso doce e amável, contagiante. Lembrei da dança, da alegria que foi quando ele estava se movimentando, como se tivesse vida própria. Com isso em mente, lhe retribuí o sorriso.

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