"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas...Continuarei a escrever" - Clarisse Lispector

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

ENTER





ENTER



No escuro, tudo que via eram os milhões de pixels nos três monitores à minha frente. Haviam sido quase dois dias inteiros para derrubar aquele sistema de segurança. Meus olhos ardiam, meu corpo estava dolorido e cheio de cãibras, mesmo assim um delicioso e cruel sorriso brotava de meu rosto, ilustrando minha satisfação.

Eles iriam pagar. Por tudo que fizeram, iriam pagar caro. Depois daquele golpe, perdi tudo: minha casa, minha empresa, meu amor, meu luxo. Tudo o que restou foram meus melhores amigos, agora parados e acesos bem diante dos meus olhos.

Só faltava apertar uma única tecla. Aproveitei dementemente o momento. Eles estavam acabados.

ENTER.

Não podia ver. Mas sabia exatamente o caos que estava acontecendo. Todos os dados da empresa foram apagados, todas as máquinas enlouqueceram, tudo parou, computadores, elevadores, telefones, energia. Tudo parado, morto.

Uma gargalhada escapou pela minha garganta. E ri, ri, ri, até não agüentar mais. O prejuízo havia sido absurdo, não tinha como eles se recuperarem. Minha vingança estava completa.

Continuei rindo nos próximos dias. E continuei rindo quando quatro policiais arrombaram minha porta e me levaram sob custodia. Não importava que houvessem me descoberto, nada importava, apenas uma coisa. Eles estavam acabados.

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