"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas...Continuarei a escrever" - Clarisse Lispector

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O vento





O vento

O vento chegou de mansinho.
O vento balançou as folhas.
O vento esfriou a torta.
O vento virou uma brisa.
O vento refrescou o dia.
O vento espalhou a poeira.
O vento tornou-se forte.
O vento derrubou a árvore.
O vento uivou na noite.
O vento levou o guarda-chuva.
O vento atrapalhou a festa.
O vento destruiu a plantação.
O vento espalhou as sementes.
O vento quebrou as telhas.
O vento diminuiu a velocidade.
O vento acalmou-se.
O vento foi-se embora.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Dois em um





Dois em um


O odor da grama molhada me instiga. Escuto o leve som dos cascos no chão, suaves, alegres, crescentes. Fecho o zíper da bota, os botões da camisa, cinto na cintura. Visto-me para a guerra, e para um encontro.

Pé no estribo. Subi do chão aos céus. O pelo sob meus pequenos dedos é macio e quente, sedoso. Nesse instante dois se tornam um, e um se torna tudo.

Consegue me ouvir? A resposta vem sem palavras. Não é necessário falar. A brisa é suave. Perfeito.

O som dos cascos se repete. Mais forte, inspirador. Poeira sobe deixando para trás os pensamentos mundanos. À frente, o futuro recente que será atingido.

Lá está ele, digo silenciosamente. Em pé, meu inimigo, esperando para ser ultrapassado. Assim como os problemas, me chama para enfrentá-lo. Abaixo de mim meu outro eu corresponde ao chamado.

Está mais perto, mais, e mais. Conto os passos. São passos? Não, valem muito mais do que simples passos humanos. É a hora. Recebi minha resposta. Saindo do chão, voo para o que espero ser a vitória.

Ultrapassado o inimigo, inexplicável euforia. Nada de relaxar, tem outro à frente. Só desperto mesmo, quando tenho de desmontar.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Beija-flor




Beija-flor


Quando ouvimos a palavra beija-flor, pensamos em algo romântico e delicado. Eu gostaria de escrever algo assim, caloroso, mas agora não tenho condições para tal, já que a única coisa que me preenche não passa de um vazio.

A imagem que tenho de um beija-flor nesse momento é da pobre e solitária criatura presa em uma sala sem portas nem janelas, desesperada para escapar.

Assim também me sinto, apesar de tantas pessoas à minha volta. Por momentos tento me convencer da importância delas, mas no fim acabo dizendo a mim mesma que elas não significam nada. E afundo mais ainda.

Às vezes, penso esperançosa em uma mão amiga e quente, estendida em minha direção, para depois tornar a me desiludir. Em outras, até imagino o amor, puro e simples, mas logo percebo que nada é como nos filmes. Começo a enlouquecer.

Desejo apenas ouvir palavras gentis, ser envolvida por braços quentes. Porém, quando tais acontecem, parecem ecoar longe, sem sentido. Meu coração se fechou em si mesmo.

Solidão. Vazio. Nada. Tento me conformar, procuro um modo de fugir. Desisto, não me movo. Medo. Sou uma covarde disfarçada de corajosa, tenho medo do amanhã. Nem mesmo sei a razão de viver.

Como um pássaro que antes voava em liberdade, e subitamente foi preso em uma gaiola, me debato para todos os lados, mas acabo no mesmo lugar. Quero chorar, mas não posso. Quero sorrir, mas não consigo. Tento gritar, mas o silêncio é reconfortante. E apenas uma pergunta me atormenta o tempo todo.

Será que o pequeno beija-flor vai sobreviver?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Como muitos outros





Como muitos outros


Pedro era um garoto mulato, pentelho e folgado, como muitos outros que andavam pelas ruas de Salvador. Mais uma vez passeava pelo calçadão em frente a praia, as mãos no bolso, assobiando e chutando uma pedrinha. As pessoas à volta não lhe davam atenção, afinal era normal garotos na idade dele matando aulas.

Entediado por mais um dia comum, começou a olhar para os lados distraído. E assim acabou vendo-a, caída no chão, uma nota de dez reais novinha em folha. “Caracas, que bonita!” Apanhou-a, sentindo que seu dia melhoraria.

Primeiro pensou em comprar doces, mas depois se arrependeu. “se a vida lhe dá limões, faça uma limonada.” Finalmente o ditado que o professor dissera começara a fazer sentido. Já até havia ouvido falar de um cara chamado Steve não sei do quê, que tinha ficado rico com apenas alguns trocados.

Decidiu ir àquela casa de jogos ao lado da padaria do Zé, que permitia que garotos entrassem. Chegando lá, logo se sentou à mesa. Durante um certo tempo, continuou ganhando todas, e havia embolsado 47 reais e mais algumas moedas.

Um homem carrancudo entrou no recinto, pediu uma bebida e sentou-se. Apostou alto, o malandro. Essa era a chance. Louco para por as mãos na grana, Pedro apelou para seu trunfo secreto, um bando de cartas escondidas no calção.

Só que um capoeirista que estava sentado ali ao lado com um cigarro na boca percebeu o macete do moleque. O que veio a seguir foi uma confusão danada, com muito barulho e cartas voando, e terminando com o espertinho escapulindo pelo meio daquelas pernas enormes que eram os adultos.

Depois de tudo aquilo só lhe restara os mesmos dez reais do começo. Bom, era melhor do que nada, pensou ele, e se dirigiu à doceria.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

ENTER





ENTER



No escuro, tudo que via eram os milhões de pixels nos três monitores à minha frente. Haviam sido quase dois dias inteiros para derrubar aquele sistema de segurança. Meus olhos ardiam, meu corpo estava dolorido e cheio de cãibras, mesmo assim um delicioso e cruel sorriso brotava de meu rosto, ilustrando minha satisfação.

Eles iriam pagar. Por tudo que fizeram, iriam pagar caro. Depois daquele golpe, perdi tudo: minha casa, minha empresa, meu amor, meu luxo. Tudo o que restou foram meus melhores amigos, agora parados e acesos bem diante dos meus olhos.

Só faltava apertar uma única tecla. Aproveitei dementemente o momento. Eles estavam acabados.

ENTER.

Não podia ver. Mas sabia exatamente o caos que estava acontecendo. Todos os dados da empresa foram apagados, todas as máquinas enlouqueceram, tudo parou, computadores, elevadores, telefones, energia. Tudo parado, morto.

Uma gargalhada escapou pela minha garganta. E ri, ri, ri, até não agüentar mais. O prejuízo havia sido absurdo, não tinha como eles se recuperarem. Minha vingança estava completa.

Continuei rindo nos próximos dias. E continuei rindo quando quatro policiais arrombaram minha porta e me levaram sob custodia. Não importava que houvessem me descoberto, nada importava, apenas uma coisa. Eles estavam acabados.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Quarta-ferira de cinzas





Obra de arte


Era manhã de quarta-feira de cinzas. As ruas estavam vazias e silenciosas, exceto por dois bêbados deitados na sarjeta. Um folião, ainda fantasiado, estava parado sobre um carro alegórico estacionado na avenida. Ele olha para os enfeites verde e branco, parecendo extasiado.

Sua fantasia, das cores do carro, consiste em uma espécie de saia com armação, coberta de gliter, um capacete de onde saem plumas e penas delicadas e um colete que deixa seu peito à mostra. Realmente, uma obra de arte. Moreno, cabelos longos e pretos saindo de baixo do capacete, alto com o tronco musculoso. Um sorriso brotava de seu rosto, provavelmente alegre com os eventos da noite anterior.



Espetáculo de cores


Está tudo silencioso, mas ainda escuto os gritos e a música da noite anterior, como um disco em minha cabeça. O Sol já havia surgido no horizonte, sua luz refletia no gliter do carro alegórico e da minha fantasia. Um espetáculo de cores, que pareciam tão macias e aveludadas.

Ele era lindo. Os pilares que há algumas horas foram ocupados por belas jovens que sambavam, agora vazios ainda mostravam seu esplendor. A decoração que retratava as matas brasileiras me hipnotizava e impedia que eu tirasse os olhos dela. O carro parecia sorrir. Um sorriso doce e amável, contagiante. Lembrei da dança, da alegria que foi quando ele estava se movimentando, como se tivesse vida própria. Com isso em mente, lhe retribuí o sorriso.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Feitiço contra timidez




Feitiço contra Timidez


Uma coisa que me incomoda há algum tempo é a timidez e o medo que as pessoas têm em tomar atitudes que possam desagradar a outros. Por isso, decidi fazer um feitiço para acabar com isso.

Numa noite de lua cheia, liga-se um CD da banda Red Hot Chily Peppers no último volume, pega-se um caldeirão bem grande (de preferência, de barro) e ferve-se uma mistura de azeite de oliva e água do pântano.

Acrescenta-se pé de cabra, uma roupa de coelhinha, uma bola de boliche, cordas vocais de um sapo, um par de meias sujas, uma dentadura de uma velhinha, picadinho de asa de morcego, um livro do Harry Potter, bonecos do Pokémon, três fios de cabelo da loira do banheiro e erva doce.

Deixa-se essa mistura descansar por duas semanas com o caldeirão coberto por um tapete persa. No primeiro dia da terceira semana, veste-se a roupa de coelhinha, que estava na poção e diz-se as palavras mágicas “pipirupiru piru pipirupi”, enquanto dança-se em volta do caldeirão.

Depois disso, joga-se o caldeirão e seu conteúdo no rio Tietê. Está pronto o feitiço que pode transformar até a pessoa mais tímida do mundo em uma extrovertida cara de pau.

Atenção! O efeito desse feitiço é efêmero. Depois de passar, deve-se tomar coragem para expor suas opiniões e agir como desejar, sem se importar com o que os outros pensam.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Meu ideal seria escrever






Meu ideal seria escrever


Meu ideal seria escrever um texto quanto eu recebesse um sopro de inspiração, uma mensagem divina, um sinal maldito, ou qualquer outra idéia que viesse à cabeça num momento de insanidade. Mas temo dizer, caro leitor, isso é impossível, assim como é impossível eu criar asas e sair voando, por mais que eu devaneie sobre isso todos os dias.

O caso é o seguinte: eu tenho 15 anos. Por conseqüência, tenho de ir à escola, senão meus pais seriam julgados por não dar educação ao futuro do país. Futuro uma ova, os adolescentes de hoje em dia não tão nem ai pra nada... Mas voltando ao ponto principal, como vou à escola, tenho aulas de redação, e como tenho aulas de redação, temo dizer que tenho de conviver com as propostas de textos mais esdrúxulas que um ser humano pode criar.

Como uma proposta estúpida feita no ano passado, descreva seu lugar favorito. Tá na cara que não é na escola. É obvio que as redações seriam na balada, na Lan-House, no meu quarto onde meus pais não me enchem, ou em alguns casos, naquela esquina com meus manos... Não podiam dar uma proposta com resultados menos previsíveis?

Outro exemplo são aquelas que SEMPRE aparecem nos vestibulares. Disserte sobre o aborto/eutanásia. Por que nos mandam dissertar sobre uma coisa que NINGUEM tem opinião formada? Chego à conclusão de que todo professor é sádico (à minha querida professora que vai ler isso, não é nada pessoal, só estou expondo os fatos).

Um dia abri a apostila, empolgadíssima, doida pra escrever algo. Olhei o tema. Passei o resto do dia de mau humor. Outro dia, fale sobre traição. A perspectiva era tão ruim que depois de escrever sentia que tinham dois chifres brotando da minha testa. Crie uma narração usando o personagem dado. O personagem não é meu, quem o criou é que devia escrever a historia. Os meus personagens são mais interessantes, prefiro escrever sobre eles, obrigada.

E ainda tem as clássicas. Fale sobre o aquecimento global, sobre tecnologia, relação aluno/professor, a juventude de hoje, destruição da mata atlântica, e por ai vai. Redações com esses temas pingam na internet, revistas, jornais, e tudo quanto é mídia. Por mais que você tente ser criativo e inovador, os textos sempre parecerão repetitivos, comuns, com aquela impressão de eu acho que já li isso antes...

Quem me dera receber propostas empolgantes, que ao ler fizessem explodir milhões de idéias na minha cabecinha obliqua e limitada... Parece que estou sonhando de novo. Melhor desistir de uma vez...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Dama cruel





Dama cruel


Uma confusão. Tudo gira, treme, arranha, pula, vai de um lado para o outro e enlouquece. Tenho 15 anos.

Sempre tive problemas com o crescimento, a perspectiva de mudanças me amedronta. Mas nada teve um impacto em mim como essa dama, cruel e nem um pouco sutil, chamada adolescência.

Para nós, garotas, chega mais cedo, num grande baque. Nada mais é igual, nosso corpo nos surpreende, os moleques irritantes começam a ser vistos com novos olhos e nos sentimos perdidas num redemoinho de fogo que é nossa mente.

E eis que surge um dos nossos maiores inimigos: as espinhas. Aparecem onde e quando não deviam, incham, doem, e tentamos desesperadamente nos livrar delas com cremes e sabonetes. Tudo debalde, elas sempre voltam.

Os garotos entram na fase insuportável, e nos provocam até explodirmos, para depois rirem e perguntarem se estamos de TPM ou algo do tipo. Mesmo assim, por mais que sejam retardados e imaturos, um deles acaba atraindo nossos olhares; que frustrante.

O primeiro amor é uma tortura, um veneno se infiltrando em suas veias sem você possuir o antídoto. Um mero “olá” desencadeia uma tremedeira e um coração disparado. Não se sabe lidar com o novo sentimento.

Mergulhados um meio desse turbilhão de sensações e hormônios (infelizes desencadeadores de espinhas), nossos pais não conseguem nos entender, apenas perguntam o que fizeram de errado e tentam nos mandar a psicólogos. Não importa o quanto tentemos explicar, eles dizem que você é um rebelde sem causa e que devia dar valor ao que tem.

Parece que eles se esqueceram de como era estar nesse campo de batalha. Quando for mais velha, talvez também esqueça. Por isso, deixo aqui gravadas minhas memórias para futuramente relembrar de minha adolescência e não cometer os mesmos erros com meus filhos.

OBS.: As chances de eu perder a folha com esse texto na próxima semana são extremamente grandes, portanto não faz o menor sentido escrever isso, mas ainda assim o fiz, afinal, todo jovem nessa idade é contraditório. Adolescência é fogo.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Refugio da criatividade





Refugio da criatividade


Mas que sensação boa, fugir da realidade, apenas ao fechar os olhos, um mundo infinito surge diante de mim. Doce imaginação, abre portas para um universo de sonhos e liberdade.

Um céu estrelado azul da cor do mar, pode virar uma explosão de cores, que cantam suavemente, me chamando para explorar mais ainda seu interior.

Que lugar mais agradável. Posso fugir para lá a qualquer momento. Todos os problemas se tornam asas, que gentilmente me acolhem e me levam a um voo do qual não quero mais pousar.

Repleto de magia, meu último refugio parece um dia ensolarado, mas também um turbulento furação, arrastando o que encontra pela frente. É pura ficção, um áspero macio ao toque, quente mas refrescante, sonhos se tornando realidade, vida desabrochando.

Há um jardim, onde ideias de todo tipo florescem, e se entrelaçam formando uma teia, que gosto de chamar de criatividade. Ao fundo, erguem-se frondosas cerejeiras. Seus tronos hirtos, fazem contraste com seus galhos flexíveis, que balançam ao vento. Dentro de cada uma de suas flores rosadas há um caminhos diferente que leva a algo novo. Nem todos são bons, mas amo a liberdade de poder escolhê-los.

Apenas após conhecer e solidão que o encontrei. Mergulhar nele para escapar da vida real foi o modo que achei para sobreviver. Hoje, tornou-se meu parque de diversões para rir, brincar, criar. De todos os lugares, onde me sinto melhor, impossível descrever com palavras, é a minha mente.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Corações distantes





Corações distantes


Nos olhares dos dois, que novamente se cruzavam, havia um grande contraste. Os do primeiro, azuis como a mais bela safira, refletiam sua determinação e coragem, brilhando intensamente ao ver o velho amigo, enquanto os do outro, feitos do negror do céu noturno, num tom de sarcasmo, pareciam não se importar com a presença do companheiro.

Os sentimentos há muito tempo guardados em seu peito, agora estavam prestes a explodir, mas, mesmo assim, ele aparentava estar controlando-os; ao mesmo tempo, parecia querer chamar a atenção do outo numa súplica silenciosa.

Mas seus corações estavam diatantes. O de um, visando a vingança e coberto por um manto de ódio, não compreendia o do segundo, que, apesar da traição, almejava, mesmo que à força, trazer o outro de volta para seu lado.

Seus sentimentos antagônicos ferviam. O clima entre os dois mostrava que sua rivalidade nunca morreria. Mas, não seria como antes, pois, apesar de próximos, anos luz os separavam. O elo entre os dois de tornara decépito, e novamente eles se preparavam para lutar, desta vez no Vale do Fim.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Uma sinfonia poderosa



Uma sinfonia poderosa


Quando criança, não me interessava pelas palavras. Mais ligada a artes e história, aborrecia-me com tantas regras gramaticais, que as professoras teimavam em nos fazer decorar, as quais para mim não faziam o menor sentido. Eu não via o porquê de ser tão importante a leitura e a escrita.

Então, um dia, enquanto fazia uma lição na biblioteca, vi algo que me chamou a atenção. Era um livro, sobre uma aventura policial, que se passava no Egito. Mesmo sendo acima do meu nível de conhecimento, com um vocabulário difícil, não resisti em emprestá-lo.

Munida de um dicionário, comecei a leitura. Um mundo novo se abriu para mim, as palavras eram como uma música enchendo meus ouvidos. As cenas iam passando diante dos meus olhos como se eu visse um filme. O que antes era para mim apenas um amontoado de letras, agora era vida, movimento, cultura, magia.

Comecei a ler mais e mais, e a cada instante mais me apaixonava. Comecei a ver palavras não só em livros, mas em objetos, ações, imagens, tudo se formava como uma sinfonia. Mas eu não sabia o verdadeiro poder das palavras.

Foi então que ouvi falar de uma pessoa. Tão bem conhecia as palavras, que apenas com elas conseguiu convencer um país todo de que eles eram a raça perfeita, e que deveriam dominar o mundo.

Olhei à minha volta, e percebi o quão poderosas as palavras poderiam ser. Elas manipulavam, confundiam e dominavam. Bradadas por seus maiores conhecedores, movem multidões que, desprovidas do conhecimento destas, não possuem senso crítico, e são muito vulneráveis.

As palavras não possuem um lado na guerra. Não são o bem nem o mal. O que existe são pessoas que as usam para esses fins. Podem gerar lutas e salvar vidas, destruir e criar. Só depende de nós como vamos usá-las.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Arte de seguir em frente




Arte de seguir em frente



Há algum tempo, minhas emoções me confundiam. Decidi que meu modo se seguir adiante não estava dando certo e que teria de fazer uma revolução.

Li em um lugar que nós temo duas sacolas, as quais carregamos uma na nossa frente, preenchida com nossas qualidades, e outras nas nossas costas, lotada com os defeitos.

Trancada em minha mente, coloquei meu plano em ação. As duas sacolas, esvaziei totalmente. E comecei a pensar. O que eu queria? Demorou um tempo, mas encontrei a resposta. Queria amigos, queria esquecer dos problemas, queria aproveitar mais a vida que estava perdendo.

Com minhas sacolas de virtudes, comecei a trabalhar. Para as qualidades, coloquei alegria, carisma, persistência, otimismo, criatividade e simpatia. Queria rir a qualquer hora, então lá atirei o bom humor e a autoestima.

Claro que não podia deixar a sacola de defeitos vazia. Nela, joguei a teimosia, a infantilidade, a desatenção, um pouco de grosseria, muita impaciência, preguiça e desconfiança. Pareciam grandes defeitos, mas teriam bons resultados na minha idéia final.

Olhando quase satisfeita para meu trabalho, percebi que no canto estava jogado um pedacinho de personalidade, da cor vermelho rubi. Ao me aproximar, percebi o que era. Meu velho amigo ódio, que antigamente me perseguia por todos os lados, torturando e afundando minha vida num abismo escuro. Com um sorriso largo, tratei de me livrar dele, para nunca mais vê-lo novamente.

Naquela sala quadrada em minha mente, com o chão e as paredes quadriculadas de preto e branco, olhei minha obra prima. Senti que ainda faltava algo, até ver o que estava diante de meus olhos. Coragem. Coragem necessária para resistir às reviravoltas da vida, coragem para seguir em frente. Sorrindo mais ainda, não a coloquei em minha sacola, mas sim sobre minha cabeça, para ter certeza de que nunca me esqueceria dela, e me levantei, para caminhar com muito mais vontade